sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Quer ajudar o Planeta?




Pessoas no mundo inteiro estão se mobilizando para uma experiência bem interessante. Propõem que apaguemos as luzes e fiquemos no escuro durante cinco minutos. De 19:55 às 20:00 de hoje, 29 de fevereiro. Como recebi a mensagem, pretendo participar.
Pode até ser que desta vez não funcione tão bem, mas é uma boa iniciativa. Coisas de internet? Talvez, porém eu creio que possa dar um resultado interessante já que esta 'escuridão' poderia fazer a terra dar uma respirada.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Mãe, mãezinha...


Marcela, filha da Dai :)



Perder, é um pouco mais que morrer,
É estar no meio do meio fio amolado
Esperando o telefone tocar...
Mas se ela não sabe o número...

Então daremos perda total à filha
Que desaparece no ventre da mãe
Do ventre sem mãos ávidas,
Mãos deficientes que não puderam
Segurar um filho da forma certa.

Há no colo da mãe, um instrumento
Pouco cirúrgico, dormente e único:
É o colo do útero? Da espécie?
Seja como for ou fosse
É difícil ser mãe.

Umas eu conheci enterrando seus filhos,
Outras, os deserdando no vaso sanitário.
Hoje eu soube de uma que viu a filha desaparecer
Entre as sombras da noite pagã...
Aqui mesmo onde vigoram o tráfico
E a prostituição.

E eu diria, em canção de ninar
Que abençoada seja talvez a criatura
Que não procria.
Pois esta é isenta de culpas e dores,
Esta dorme em paz
Porque seu filho não é
Um desaparecido nas trevas
De um mundo sem amor.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A RUA










ELE acordou estranhamente tranqüilo naquela manhã de inverno. Olhou pela janela e viu que a neve caía, anunciando a estação da solidão, onde sempre sentia-se ilhado e longe de tudo que mais amava. Mas resolvera que quando passasse este vácuo estremecedor, tomaria coragem e finalmente entraria naquela rua...

Sentou-se em sua antiga poltrona e descobriu que já estava maduro o suficiente, trinta e dois anos. Que se despediria de sua senhoria e seus dois filhos pequenos que tanto o adoravam. Ficou em dúvida entre Proust e Kardec. Afinal, sua sensibilidade já o incomodava mais que poderia supor. Aquele dom que nascera com ele de fato agora chegava mesmo a assustá-lo.

A vizinha bateu à porta. Ele abriu e recebeu um bule de chocolate quente, bolo e a incubência de olhar os meninos enquanto ela fosse às compras. Ele olhou as crianças: Joseph e Carlo. Sete e cinco anos. Crianças adoráveis. Entrarm e aconchegam-se no felpudo tapete que ficava estrategicamente em frente à lareira que estalava seus gravetos quase que silenciosamente.

Tomaram a bebida quente e fartaram-se daquele bolo fofo que esfarelava em suas bocas alegres.

Joseph em dado momento o olha e pergunta se vai mesmo partir. O menor pára de mastigar e mostra-se profundamente concentrado em sua resposta. Juan sorri com os jornais entre as pernas e adivinha a tristeza dos meninos. Mas chegara a hora de convencê-los de que a vida seguia sempre em frente e, embora eles não tivessem pai, não era necessário apegarem-se a todo inquilino de sua mãe.

Juan explica que tem uma missão e que depois que o inverno se for ele precisará encontrar uma pessoa querida que há muito não via. Então os meninos indagam quem é esta pessoa. O homem responde "não sei bem..." e Joseph ri e o chama de louco. O menor, Carlo chora disfarçadamente enquanto Juan pensa em Ana.

Só a vira uma única vez mas mesmo passando-se tanto tempo, uns três invernos, ele não conseguia tirá-la da cabeça. Nunca tivera envolvimento com nenhuma mulher, pois seu dom o impedia. Esta estranha forma de ver as pessoas pelo lado de dentro às vezes o deixava verdadeiramente mortificado.

Já na infância via homens de dentes pontiagudos e mulheres nuas e promíscuas debaixo de suas saias comportadas. Nenhum padre explicara, nenhuma rezadeira. Nada fazia sentido e assim Juan passou a ser considerado o louco do Condado. O alienado da família, reclusando-se em profunda solidão.

Mas decidira que encontraria sua Ana e tudo que sabia era a rua onde ela entrara quando ele, distraído esbarrara nela derrubando uns pacotes e alguns livros. Um dos livros era de Kardec e desde então ele voltara a ter esperança de ser um homem normal e feliz.

"

O inverno se foi e Juan partiu em direção à rua. Na esquina havia uma tabacaria onde comprou cigarros e pela primeira vez, tomou uns drinks no lugar do já acostumado café expresso.

Mas ficou bêbado, talvez por pura emoção de saber que entraria na rua e encontraria aquela mulher que fizera uma paixão insana brotar no coração de um homem que jamais sentira qualquer sentimento particular por ninguém.

Não percebeu mas seu organismo fraco ou santificado impedia-lhe de intoxicar-se e assim, Juan dormiu na calçada, bem na curva da entrada da rua de Ana. Quando acordou, o hálito amargo e dedos queimados de cigarro, levantou-se. Arrumou o terno amassado. Ajeitando os cabelos, empertigou-se e entrou finalmente na rua.

Mas, já no segundo quarteirão descobriu que não era mais uma rua mas uma infinita avenida onde pessoas as mais estranhas cruzavam com ele e ninguém, por quilômetros e quilômetros sabia informar o paradeiro de Ana.

Só depois de muito tempo Juan desconfiou que estivera em transe. Aquele seu maldito poder talvez mediúnico, divino ou diabólico fizera com ele percebesse uma única mulher tão linda por dentro, sem nada de mal. Mas descobriu que seria procurar uma agulha no palheiro pois mesmo depois de meses viajando naquela rua, Juan não conseguira encontrar uma única pessoa bonita por dentro. Ninguém com o interior de sua linda Ana.

Assim, parou em um bar e desistiu da procura. Pediu bebidas e resolveu que seria apenas um bêbado, pois desta forma passariam despercebidos seu olhar sem Ana e seu dom. Afinal os bêbados eram mesmo loucos.

Olhou pro céu e estalou os lábios úmidos de Rum. Acendeu mais um cigarro preparando-se para dormir enquanto transeuntes horrendos o apontavam em soslaio. Mas Juan aprendera a ignorá-los, afinal, ele pensou antes de fechar os olhos, era somente dormindo que podia enxergar a beleza. A beleza de Ana...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Domingo, enquanto meu Botafogo não ganha...


No final das contas
A vida é uma curva na estrada
Lá, neste momento, derrubam-se a dúvida,
A chuva e meteoros da suposta avalanche humana.

Neste instante eu percebo que somos
A desgraça das limitações,
Talvez o derradeiro pensar
Que nos remete ao último caos atômico. Da aids, fé, e medo
Do meu Botafogo perder...

Salve Garrincha!

E lá, nesta curva da estrada
Só nos restariam dois motivos
Para não pularmos no Gran Canyon:

Assumimos nossa pequenêz fatal,
Os dinossauros
E as viúvas da segunda guerra,
Ou nos remetemos ao inferno
Dos deuses gregos,
E falamos por toda a noite
Com Sócrates emudecido?

Sinto que isto aqui virou farra
Uma rave desgovernada onde homens
De boa compleição física
Estupram suas esposas sutilmente
E se distanciam cada vez mais
Da beleza de um orgasmo.

Ou sejamos justos tal qual Salomão
Ou fiquemos na inútil masturbação aérea
Num aeronáutico bar
Que deixou voar tanta vergonha...

Eu seria a voz da multidão
Sou talvez quem não foi ouvida
E nem levada em consideração,

Porém, o Jesus Rei também não!
Ele não foi bem quisto e desta mesma forma
Ele se deu mal.

O fato irrisório de escrever
Só me deixa solitária cada vez mais,
Porque não escrevo fantasias
E acho que transcrevo pedaços de minha alma
Alma que, talvez, vagou por aí
Desde a existência...

Quanto tá o jogo, porra?

Não gostaria de passar nenhuma sensação
De angústia problemática - sou botafoguense!
Mas o que farei eu depois de Freud, depois de Jung, Vietnã,
Caras pintadas e...
Lula, um molusco sem músculo governante?

Sou, acho, uma pessoa que jamais
Me conformei com injustiças.
Possuo
Esculturas de artistas contemporâneos
Que mantêm a tarja da justiça incólume.

Pareço, às vezes, velha demais?
Mas não, não sou.
Apenas tive infância nenhuma,
Filha, neta, irmã, e todos militares músicos
Mutilados quando eu os olhava...

Entendo pouco de partitura
E lembro do meu prazer ao escutar
Os gênios músicos...
Mas partiram para o inferno
O inferno das desilusões. Eles morrem!

Mas que merda de juiz!

Fui, portanto uma menina prodígia
E Ghandi, minha pureza entre as pernas.
Não que eu tenha sido casta ou santa,
Mas cultuei deuses agnósticos
Dignos de raça inferior
Como meu amado rock'n roll.


Por isso passei a amar os cães, os gatos, baratas,
Moscas, vagalumes... e as rãs.

Ou seja, eu meditei estupidamente e descobri
Que a essência está e esteve em minhas entranhas...

Mergulho neste espaço para usufruir
Desta sensação de fazer parte de um Universo único,
Onde unicamente determino e sei
Que Deus é apenas um verbo...

Mas meu Fogão é Time!!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Diálogo Impertinente

Ponto de ônibus. Dois homens. É madrugada.

Um está de terno e com uma mala de viagem. O outro é mais novo, usa jeans, cabelos longos. Barba por fazer, roupas velhas e um tanto sujas. Fuma cigarro e tem unhas roídas.

O de terno não parece brasileiro. Caucasiano e com uma certa postura inglesa: mal feito de corpo e sisudo.

O mais jovem olha em volta, como a pensar o que aquele homem estaria fazendo alí, àquela hora da madrugada. Como bom carioca puxa assunto, querendo ficar amigo:

_ Esperando ônibus, companheiro?

O homem o olha, sorri sem vontade e nada responde. O cabeludo retoma a tentativa de diálogo:

_ À essa hora fica difícil pegar um ônibus nesse bairro. É gringo é? Falar minha língua? Não? he-he.

O homem de terno empertigado senta-se sobre sua própria mala e acende também um cigarro com um isqueiro de ouro.

O esfarrapado pergunta, desta vez mais irritado:

_ Hei! Não falar minha língua tudo bem, mas esse desprezo me irrita tá sabendo, amigo?

O homem solta tranquilas baforadas e finalmente presta mais atenção ao seu interlocutor. Abre a boca. Vai falar. E fala:

_ Ela se foi…

_ O que?

_ Megalomanias e girassóis desertos. Gripe e fúrias…

_ Não entendi… fala de novo!

_ A chuva não vem, as flores morrerão.

_ Mora no meu país?

_ O planeta vai explodir.

_ É, eu também não aguento mais…

_ Comam gafanhotos!

_… esperar a condução…

_ Ela se foi. Vai ter guerra. Não fiz sexo hoje.

_ Minha bunda tá doendo. Estive sentado todo o dia naquele computador de merda!

_ Deus está morto. As vagabundas me passaram doenças…

_ Meu cachorro mordeu o peito gostoso de minha vizinha. Deu tesão, amigo!…

_ Platão é um merda…

_ Gosto de novela, cinema não. É chato, acaba logo!…

_ Já fui criança… quanto tempo não sou mais…

_ Fuma maconha? É bom… tira esse terno, babaca!

_ Meu inverno tem neve… não acredito em nada…

_ Minha mãe morreu com câncer na cabeça! Tristeza…

_ Minha mulher transou com meu pai…

_ Minha tia tem um isqueiro como esse. Mas é do Paraguai. Latão he-he!

_ À noite me encolho e berro junto com Wagner…

_ Estou sem roupa. Ganho pouco! Sou um merda!

_ Nietzsche tem razão. Jesus Cristo não.

_ Hoje eu peguei a garçonete no corredor da escada. Mó trepada!

_ Armas químicas irreversíveis no ar!…

_ Já roubou, cara? Tu é de onde, parceiro?

_ Sexo não é bom com dor, mas já senti dores terríveis…

_ Porra, que frio! Cadê este puto desse ônibus!

_ Quando traí e fui traido…macacos darwinianos me morderam o cérebro.

_ Eu li Fernão Capelo Gaivota na escola… O livro de minha vida…

_ Estou sufocando…

_ Também foi o único que li he-he…

_ Forças Armadas me entupirão de bombas…

_ Caralho, quero ir pra casa! Cadê este ônibus! Ainda vou comer minha gatinha…

_ Os amores se perderam em Hong Kong…

_ Fui campeão de natação um dia…

_ Fogos no céu azul…

_ Mas desisti de esportes. Sou burro!

_ Trazendo a paz…

_ Me dá um cigarro, estranho!

Toma o cigarro das mãos do homem. Acende com o isqueiro de ouro, que não devolve. O homem sorri e continua:

_ As bruxas estiveram presas nos subsolos das igrejas…

_ Porra, que frio, meu irmão! Minha mente acelera. Sou puritano puto. Quero voltar pra natureza, entende, bicho?

_ E padres comeram crianças por toda vida…

_ Que artista você acha mais gostosa? Eu sou louco pela Catherine Zeta-Jones! Que gostosa!!!

_ E as crianças cresceram e viraram padres.

_ Aí, meu camarada, eu vou nessa, vou andando mesmo! Minha gata tá me esperando. Tenho que dar uma foda senão eu apanho he-he.

_ Cuidado, veja onde se esconderam os urubus!

_ Ela gosta de sexo oral o tempo todo. Minha boca fica dormente, cara!

_ A inveja corrói as almas penadas do planeta!

_ Mas fazer o quê? Se eu não faço, vem outro e créu!

O cabeludo se levanta do chão. Aperta a mão do homem de terno:

_ Foi bom trocar uma idéia contigo, mané!

_ As curvas são infinitas. Minha mulher me largou.

_ Tchau, cumpadre. Aproveita e vá à merda… he-he.

_ Homens não se entendem.

_ Mas minha mulher é gostosinha demais. Que peitinhos! Fui!

_ Alucinações de déspotas dos poderes capitalistas.

_ Posso levar o isqueiro?

_ Joana D’Arc era um tesão.

_ Vou lá! Vou foder!

_ Espere os aviões. Casamatas e ferrões de abelhas nucleares!

_ Quer dormir lá em casa, parceiro? Tu é gay não, né? he-he.

_ A morte é iminente. Os polos derretidos. Continentes desaparecidos. Minha mulher me deixou.

_ Hei! Lá vem o ônibus, maluco! Pega ele!

Mas o ônibus não parou. O cabeludo voltou e amanheceram ‘conversando’.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Saudades


Saudades de você
Vontade de posse
Desejo de dormir...
Ah, como eu quero
Teu corpo nu
Dentro do meu.
Tua boca
Tua língua áspera
A me fazer carinhos
Em toda parte.

Mas você tá longe
Faço o quê?
Imagino-te
Ou durmo insegura?

Volta, cachorro grego!
Olha em volta:
O cio dos deuses
Está por vir...

Se não vem eu vou,
Só não sei pra onde...
Os lobos uivam e
Lobisomens rondam o meu quintal.

Se você não vem
Fatalmente eu vou...
Vou voltar pro nada
E de lá, gozarei sozinha
Com raiva de você.

Esperança


Duas crianças vinham caminhando pela estrada de barro quando uma parou e disse:
_ Não agüento mais andar.

A outra, uma menina respondeu:
_ Mas se não andamos não chegamos.

Assim, o menino levanta-se e seguem, com sede e fome estrada a fora.
Dias depois chegam em um vilarejo e encontram pessoas que as acolhem em suas casas.

Comeram, beberam. Limparam-se e foram dormir.
Quando acordaram, era uma grande favela. As pessoas indo trabalhar enquanto alguns homens de armas nas mãos se recolhiam.
Elas entreolharam-se e resolveram ir embora.
Caminharam por anos e cansados resolveram desistir de vez.
A menina disse:
_ Melhor desistirmos, por fim...

O menino, já com a voz se modificando devido à idade, retruca feliz:
_ É melhor mesmo que nos mandemos daqui. Não gostei de nada.

A menina assovia e aparece um cavalo alado. Eles montam e se vão. Mas uma lágrima cai do rosto dela. Esta lágrima molha a terra e nasce, dias depois uma árvore muito verde. É a árvore da esperança. Desta árvore nascerão frutos de esperança que aplacarão a fome de todas as crianças do mundo.

Eles então se vão felizes sumindo pelos céus infinitos...

"

A mãe entra no quarto e sacode Josias:
_ Anda, moleque! Quer perder a hora? Ou a merenda?

Josias:
_ Mãe!... Eu tive um sonho lindo...

A mãe desdenha o guri:
_ Vai sonhando mesmo! Ou estuda direito ou volta pro sinal...

O menino:
_ Mas você falou que eu não mais iria pedir dinheiro!...

A mulher com olheiras responde:
_ Só estou deixando esfriar... Esse maldito juizado...

O menino se levanta, veste o uniforme e sai para a escola, de barriga vazia. Olha para o céu e diz:
_ Puxa... E se não fosse um sonho?...

E sai andando de cabeça baixa, sem notar uma pequena árvore em sua calçada de terra. Uma árvore verdinha que não estava alí no dia anterior.

E agora, Fidel?


Fidel tá velho, os moços lamentam,
O ditador se entrega mas o mundo
Continua nas mãos do inimigo.

A sopa esfriou por aqui
Os caveirões nas favelas
E as roupas de marca
Até a novela nova da Globo
É ruim, é ruim.

Adeus Fidel, você resistiu
Mesmo sem seu parceirão lá
Manteve sua filosófica ditadura
Acreditou em educação e saúde
Mas por aqui o Miguel Couto fede.

Lá perdi um amigo, lá deixou seus cabelos
Mas e agora Fidel Castro
O sistema castrista sobrevive
Ou vamos todos à Disneylândia comemorar?

Limousine agora, Fiat e muito english?
Esta ilha é poderosa, as meninas também
Assemelham-se às nossas prostitutazinhas
Mas você fez o que pode.

Agora é esperar o cão rugir
Mas por enquanto ele está
De olho no outro lado do mundo
E por enquanto o mundo está seguro
Apenas contabilizando as mortes
Da última guerra.

Mas diz aí Fidel:
Você, nosso último dos moicanos
Nosso barbudo del Cuba
Como se sente, homem?

Tu é história, segurou metade de um século.
Mas... o hot dog não perdoa.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Irônico, safado e irreversível










Num dia de silêncio
Pergunte onde está o Salvador
Continue em silêncio
E ouvirá...
Silêncio...
Silêncio...
Silêncio!

Put'Ana

Alguém tem uma filha puta
Mas a filha está grávida
O bebê irá chorar querendo peito
O pobre bebê filho da puta.

Mas quem de vocês não gostaria
De invadir a vida desta putana
Que por coincidência
Chama-se Ana?

E o bebê vai ser o quê quando crescer?
Aviador filho da puta?
Professor de literatura? Médico?

Ana diz que não importa
Ele vai ser homem e traçar as gatas
Ele será macho e cantará para elas.

Então será músico o filho da puta?

Talvez Presidente da República!
Não... Um presidente filho da puta não...
Não teria graça
Pois isso já existe, disse-me Ana.

Dois


Um é aquele que já estava lá quando ela chegou
O outro mandou buscar
Para brincar de roda e pique-esconde.

O primeiro conhece a sua alma encardida
Mofa com ela nos escombros dos destinos
Enquanto o segundo cheira a talco e brinca de médico
Quando acaba o filme cult que ela decupou...

O mais antigo dorme com seu espírito
Conhece seus sonhos e guia seus pensamentos
O mais recente nem entende o que ela fala
E quase não a deixa dormir.

O que faz companhia ao chá escuta
Os lamentos loucos da alma vadia
Cuida das feridas e enxuga seus cabelos

O que faz aventura a acompanha no bar
Não ouve o que fala e nem ri do seu roteiro
Disfarça as suas cicratizes
Com lambidas caninamente suaves...

O primeiro chegou na frente e se instalou
Como cupim em sua alma de madeira
Hospedeiro atento, a vigia noite e dia

Enquanto o outro é hospedeiro e invasor
Manipula a alma erótica da doidivanas
E arqueia as sombrancelhas quanto ela grita
_ Eu amo os dois!

Ficção



Quero o seu perfil
Nem precisa me olhar
Não precisa me beijar
E nem sonhe em fazer-me sonhar...
Eu só quero focar o seu perfil
Sua vida e sua estória
A sinopse eu ivento em ficção
Pois que nesta vida rápida
Não teremos tempo para nada
Por isso dê-me apenas vosso perfil
Senhor da juventude...

GISELE


Era tarde da noite quando Gisele saiu de casa, deixando para trás seu marido e alguns filhos inconvenientes.
No dia anterior havia falado com o Pastor de sua igreja que não mais voltaria a orar, tampouco cantar para Jesus, seu ex-Deus. Era 'Evita' da igreja, seja lá o que isso possa significar.
Olhou em volta e correu para pegar o ônibus, sumir de Botafogo e embrenhar-se num bairro modesto do subúrbio, onde finalmente sentir-se-ia livre. Pobre, mas livre de sua tortura.
Conheceu um velho que passou a ajudá-la regularmente.
Aos poucos foi fazendo amizade no bar da esquina. Um bar freqüentado por homens e rapazes do bairro. Gisele observou que eram homens bonitos, alegres e simpáticos.
Então ela passou a dar asas à sua imaginação. Como seria a vida de uma mulher livre, sem filhos, marido, igreja ou santidade?
Assim Gisele experimentou todo tipo de relação amorosa.
Por fim apaixonou-se por dois rapazes ao mesmo tempo.
E sempre que pode, gasta o dinheiro do velho com esses meninos e se dá por satisfeita.
Afinal, ela sempre soubera que a liberdade era um mundo diferente.
Desligou o telefone mais uma vez dizendo para o ex-marido que continuava em sua clausura espiritual.
Jogou uma jaqueta por cima dos ombros e sorriu um sorriso ateu, associando a liberdade à mentira.
Gisele estava finalmente feliz.

(Baseado em fatos reais e o nome foi mantido)

O QUE HÁ DE ERRADO?...


Com os domingos nas praças, cadê os namorados?
Com os shows nas areias das praias? Violência?
Com os dedos de minhas mãos, dormência? Demência?
Cadê a poesia, a música, os livros e livreiros?
Internet se mete se mete se met!
Cadê meu gibi e meus discos, minhas fotos feias?
E no bar, mataram a garçonete, coitada!
Foi ela, foi a net, foi a internet
Que matou a Margaret...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Eu quero um blog novo!

Estou reformando minha casa lá no Dai. Enquanto isso, vou recebendo os amigos e leitores por aqui, em meu blog de audiovisual. Sintam-se à vontade, amigos e leitores :)