segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

GISELE


Era tarde da noite quando Gisele saiu de casa, deixando para trás seu marido e alguns filhos inconvenientes.
No dia anterior havia falado com o Pastor de sua igreja que não mais voltaria a orar, tampouco cantar para Jesus, seu ex-Deus. Era 'Evita' da igreja, seja lá o que isso possa significar.
Olhou em volta e correu para pegar o ônibus, sumir de Botafogo e embrenhar-se num bairro modesto do subúrbio, onde finalmente sentir-se-ia livre. Pobre, mas livre de sua tortura.
Conheceu um velho que passou a ajudá-la regularmente.
Aos poucos foi fazendo amizade no bar da esquina. Um bar freqüentado por homens e rapazes do bairro. Gisele observou que eram homens bonitos, alegres e simpáticos.
Então ela passou a dar asas à sua imaginação. Como seria a vida de uma mulher livre, sem filhos, marido, igreja ou santidade?
Assim Gisele experimentou todo tipo de relação amorosa.
Por fim apaixonou-se por dois rapazes ao mesmo tempo.
E sempre que pode, gasta o dinheiro do velho com esses meninos e se dá por satisfeita.
Afinal, ela sempre soubera que a liberdade era um mundo diferente.
Desligou o telefone mais uma vez dizendo para o ex-marido que continuava em sua clausura espiritual.
Jogou uma jaqueta por cima dos ombros e sorriu um sorriso ateu, associando a liberdade à mentira.
Gisele estava finalmente feliz.

(Baseado em fatos reais e o nome foi mantido)

2 comentários:

Unknown disse...

Ela descortinou que o "futuro só é real na forma de nossos medos e esperanças, e o passado só é real meramente como lembranças"; e viveu sua vida que é curta o suficiente para ser aborrecida. Sem medo, sem esperança e sem lembranças. ótimo, além de lindo. Bjs.

Daisy Carvalho disse...

Que prazer recebê-lo, meu querido.

Obrigada mesmo :)