quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Mãe, mãezinha...


Marcela, filha da Dai :)



Perder, é um pouco mais que morrer,
É estar no meio do meio fio amolado
Esperando o telefone tocar...
Mas se ela não sabe o número...

Então daremos perda total à filha
Que desaparece no ventre da mãe
Do ventre sem mãos ávidas,
Mãos deficientes que não puderam
Segurar um filho da forma certa.

Há no colo da mãe, um instrumento
Pouco cirúrgico, dormente e único:
É o colo do útero? Da espécie?
Seja como for ou fosse
É difícil ser mãe.

Umas eu conheci enterrando seus filhos,
Outras, os deserdando no vaso sanitário.
Hoje eu soube de uma que viu a filha desaparecer
Entre as sombras da noite pagã...
Aqui mesmo onde vigoram o tráfico
E a prostituição.

E eu diria, em canção de ninar
Que abençoada seja talvez a criatura
Que não procria.
Pois esta é isenta de culpas e dores,
Esta dorme em paz
Porque seu filho não é
Um desaparecido nas trevas
De um mundo sem amor.

2 comentários:

Unknown disse...

A sua conclusão é razoável, lógica e coerente com os dias de hoje.
Entretanto tenho três filhos. Lutei muito para que os tivesse. Digo uma luta biológica, um processo longo e demorado, mas ainda assim acredito que eles participarão de uma época melhor.
Fui vencido pelo instinto. A razão é a sua e do Machado. Não deixar a ninguém o legado da sua miséria.
Pois é, não consegui.

Daisy Carvalho disse...

Na verdade foi um momento de desabafo porque dá dó ver mães procurando filhos e indo às delegacias. Porém, é claro que temos de ter esperança de um mundo melhor. Se não acreditamos nisto, morremos. E sermos pais e mães é experiência única. Talvez divina.

Tudo bem. Acho que peguei pesado. A menina desaparecida é muito próxima à mim. Mas ela está de volta. Alarme falso. Mas o post fica pra que pensemos a respeito de um mundo que pode mudar sim. E vai. Tenho fé.
Beijo em seus filhos :)