terça-feira, 4 de março de 2008

Animal

Se ele me perguntou, não sei bem... Não me lembro
Mas se ele mo indagasse agora, eu prontamente responderia
Que melhor seria que sua vista vagasse que nem vagalume
De encontro aos miseráveis insetos que arrastam-se irradiantes
Durante, no meio e até antes de descobrirem-se nada!

Assim sente-se, talvez, uma mulher só,
Ou um paralítico desumano que aleijaria um cão
Se fosse necessário roubar-lhe os ossos.

Eu sou, quem sabe, um poste onde aquele cão mijou sem pernas
Ou até mesmo o extinto vagalume de meus dias solitários
Quiçá até um defecar do inseto que viveu por algumas horas...

De qualquer forma, a mulher rasteja sempre
E esta deve ser a cadeia alimentar das trágicas aberrações...
Afinal, um come o outro, sugando o linfa
E o prazer por pura inveja
De jamais conceber o amor do outro.

Agora, apago as luzes e saio voando como o vagalume
E por isso poderei vagar e vagar.
Só que eu tenho pressa
Porque, assim como o cão
Os insetos e os postes
Tudo, tudo um dia há de acabar...

6 comentários:

Unknown disse...

Esse situação de se colocar entre os entes finitos, como se a finitude fosse uma espécie de liberação, não sei se funciona para aquele que está sentindo, creio até que sim; mas funciona ainda mais para quem está lendo, é uma sensação libertadora, catártica. Mais e ainda mais, quando você usa a imagem do vaga-lume, entre o aceso de um e o apagado do outro, fica aquela sensação sensual própria deles e que se emprega para nós também. Estar ou não preparado para algo além. Além de boa a sua poesia.
Bjs.

Anônimo disse...

não é fácil (pelo menos pra mim) conseguir fazer algo lúcido, belo e verdadeiro ao mesmo tempo, para alguns pode parecer trágico, não peraí, mas é trágico... e isso é bom, porque pelo menos podemos viver com dignidade, já q morrer... não dá para morrer com dignidade, a morte sempre é feia, putz, tô viajando... rsrs
bjos Dai ;)

Daisy Carvalho disse...

Oi, querido. Mas � s� viajando que transcendemos a monotonia.
Tava com saudades. Vou l� ;)

Beijo, Malzinho :)

Anônimo disse...

Daisy, querida! Sempre com lindos versos.... Espero conseguir sempre voar rápido, pois o tempo passa depressa demais, e resta pouco para ser feliz... mas conseguimos.... mais do que os cães, insetos e postes... e talvez as traças não nos devorem! Bjos

Daisy Carvalho disse...

Conto com isto :)

Beijo, minha linda!!

Anônimo disse...

O aspecto de finitude das coisas as vezes me entristece mas já vivenciei e pude comprovar a continuidade de situações que a primeira vista pareciam terminais, mas eram apenas rupturas e não o fim da linha.
Beijos!!