sábado, 15 de março de 2008

Realismo fantástico - Dos personagens

Carl Gustav Jung











Realismo Fantástico


Este é um gênero difícil de ser explorado. Nós já temos tendências naturais para a fantasia. As imagens nos sonhos.
Roteiristas são operários da psicanálise e de estudos antropológicos. De que outra forma nós poderíamos 'inventar' personagens?
Há filmes - brilhantes - que se originaram de grandes livros, sem dúvida, como o super clássico E o vento levou... Porém, aí neste livro a escritora Margaret Mitchell invariavelmente desenvolveu seus personagens a partir de um estudo sobre seus perfis psicológicos. Não necessariamente em cima de psicanálises, eu presumo. Afinal os roteiristas são seres repletos de idiossincrasias e são vários os métodos de criação.
Criar um personagem é muito mais que escolher uma 'pessoa' para protagonizar ou antagonizar uma estória. O personagem, via psicanálise, é um ser real e ele já nasce vivo na mente do autor. Ele é verossímel e será eternizado em sua obra, seja na literatura ou no audiovisual que é do que tratamos aqui.
Meus personagens respiram, defecam, têm realções anais, erram e sonham. Mas não há como ignorar a complexidade de compor um personagem 'real'.
Eu pessoalmente seria incapaz de conceber meus personagens sem fundamentar-me em dois assessores que eu assumi há tempos. Desde que, adolescente, escrevia e rabiscava pequenos contos e diálogos, na pretensão de serem parte de alguma peça para teatro.
Meus personagens têm sangue e loucura. Consciente e inconsciente. E, de certa forma, minha principal base de conteúdo criativo são Jung e Freud. Muitas vezes relidos por autores contemporâneos. Mas a base psicanalítica é uma constante em minhas criações.
Esses dois são meu bálsamo na hora em que sangro em busca de verdades para meus arquétipos.
Jung separou-se de Freud quando divergiram com relação a origens existenciais. Doutor Freud cria totalmente base sólida nas essências sexuais e traumáticas do indivíduo; enquanto Gustav Jung, por sua formação religiosa e cega (por parte de seu pai), passa a desenvolver a teoria de que há um espiritualismo atuante em cada ser individual e no todo, de certa forma. Já salientava aí, a partir de Jung o Holismo, bem mais aceito e buscado hoje em dia.
Criar personagens, definitivamente não é tão fácil assim. Se mesmo nós, digamos, personagens reais, precisamos de autocredibilidade para refletirmos no outro, que dirá um personagem fictício, que é mais metafísico, fantasmagórico que a maioria de nós?
Por exemplo:
Eu tenho uma personagem no teatro, a Valquíria, que carrega em si outras personagens na forma de síndrome de múltiplas personalidades.É a peça "A demência das Valquírias". Neste contexto dramatúrgico eu exploro algumas possibilidades de desdobramento de uma mulher, do ser humano. É a metáfora da hipocrisia, onde Valquíria é, ao mesmo tempo, um escritor de thrillers, médica psiquiatra, prostituta e ainda mantém um romance pecaminoso com um meio irmão. Pura análise da alma humana, mas fundamentada em estudos freudianos e jungueanos, claro.
Este post era para falar de realismo fantástico, gênero que mistura surrealismo com certa necessidade de dramatizar a vida. Mas acho que ficará para a próxima. Odeio posts longos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Acehi que tivesse sido o andré que tinha postado por causa que tu deve ter postado com o login dele, pois estava lá em cima perto do titulo "Posted by André" ou alguma coisa assim...
Falando nisso tu sabe como eu faço para isso aparecer no meu blog, por que começei a dividir a autoria dele esta semana e queria que aparecece que postou o que.

Daisy Carvalho disse...

Tá certo. Eu também estranhei um pouco ;)

Beijo, Sancho :)

Unknown disse...

Outro dia estávamos conversando sobre o Tchekhov; pois então, ele me ensinou que devemos escrever sobre o que vimos, simplesmente deixar a fantasia correr solta em cima de alguns fatos que sirvam como um prego que prendam o leitor. Ele aconselha a escrevermos sobre o que vivemos, ou pensamos que teríamos vivido. Um grande semana pra você, bjs.

Daisy Carvalho disse...

Pra vc também, querido.
E vamos fantasiar. É a única solução.
Beijo.