sábado, 1 de março de 2008

Adagas





Mais um crime aqui no Rio de Janeiro. Aqui perto de casa. Aqui no mundo.

Ele nem queria deixar transparecer que era um homem sem infância,
E sorrateiramente entrou no mundo de Eliza, esta menina sem muita sabedoria
Que o permitiu vasculhar suas pernas, seu guarda-roupas e seu diário.
Mas ele não sabia o que fazer com esta flor tão jovem em seus braços
E desabou seu corpo sobre o dela com adagas pontiagudas e frias palavras,
Lâminas sangrando o coração de Eliza, Elizabete, Bete nas mãos da besta.

Olha lá em cima, Eliza, as nuvens te levarão a um mundo outro...
Agora teu corpo flutua e teu espírito descansa daquele homem vilão.
No chão de tua casa a perícia recolhe as provas do teu desamor.
Calma, Elizabete, ele pagará pelo que fez... Como? Não sei bem.
Mas acho que tem a ver com inferno, um monstro morderá sua consciência
Sempre que lembrar que lavou com sangue o amor de Eliza...
Esta menina que deixou seu diário e suas roupas como herança perdida.

Pobre Eliza, pobre homem sem razão. Seu coração é um canhão,
Mãos de um beija-flor assassino que escreve letras de música
Mas quem cantará no enterro de Elizabete?
Rouxinós favelados, bandidos armados zunindo o estilhaçar covarde?
Descanse Elizabete. O pior já passou. A agonia finda junto aos teus.
Sei que sentiu as dores do amor marginal e do ódio de um drogado...

Mas daqui eu ouço um tilintar que vem de longe,
Serão anjos a te buscar, minha Bete querida, serafins afim de te levar
À Terra do Nunca, ou nunca mais verás o sol da tua praia e fim?
Calma menina. Descanse enquanto nós iamginamos teu algóz enforcado
Na cela de uma cadeia.

3 comentários:

Unknown disse...

Luz da chuva

O dia todo as estrelas observam de muito tempo atrás
minha mãe disse já estou indo
quando você estiver sozinho ficará bem
sabendo ou não você saberá
olhe para a casa velha sob a chuva na alvorada
todas as flores são formas de água
o sol as recorda através de uma nuvem branca
toca os retalhos espalhados na montanha
as cores lavadas da pós-vida
que viviam ali muito antes de você nascer
veja como despertam sem fazer perguntas
mesmo que o mundo inteiro esteja em chamas

W.S. Merwin na tradução (work in progress) inicial da Adriana Lisboa, que aliás, recomendo muito. Vocês conversam bastante. Achei essa conexão. (aqui: http://caquiscaidos.blogspot.com/)
Bjs.

Daisy Carvalho disse...

Opa! Vou lá, amigão.
Mais uma vez, obrigada pela visita sempre gratificante :)

Beijo

Louis Alien disse...

Ah, a Morte.
cada vez mais presente e espalhada como uma teia de aranha feita de pontos de luzes alternadas