terça-feira, 11 de março de 2008

Orson Welles não matou o monstro


Quem gosta de cinema sabe que que War of the Worlds - Guerra dos Mundos - de Spielberg, com Tom Cruise no papel de herói, foi na verdade uma produção radiofônica na década de trinta, quando Orson Welles adaptou o livro de Herbert George Wells para o rádio que na época era o meio de comunicação de massa mais importante e de total credibilidade. Isto fez com que a estória dos alienígenas que invadem a terra causasse verdadeiro pânico em muitos ouvintes. Houve mesmo caso de mortes. Tamanha comoção causada pela dramaturgia radiofônica.
Orson Welles- Cidadão Kane -, talvez não tivesse tanto interesse em tal frenesi do público.

Mas o que pouca gente sabe é que o filme de Spielberg está longe das ideologias de Welles que, controverso ator, diretor, roteirista e produtor, insinuava com a adaptação de Guerra dos Mundos para o rádio, uma associação da máquina americana invadindo a Europa. O 'monstro' era na verdade o preconceito com as minorias. Cínico e revolucionário. Assim era Welles.
Entretanto em Hollywood tudo vira festa. Desta forma, Tom Cruise passa a ser um pai de família, valorizando esta instituição. O herói americano que salva o mundo. E seus adoráveis filhos. Quanta ironia.
Orson Welles, ou ri lá do outro mundo... Ou desiste de vez.

6 comentários:

O Fantasma de Chet Baker disse...

Oi Daisy,
seu blog é o máximo! Me apaixonei! Se der, mas só se der, dá um pulinho no meu.
mil luas pra vc

Daisy Carvalho disse...

Uma escritora consagrada e com mais de 20 livros publicados, � uma honra para mim. J� fui l� no seu espa�o e adorei. Virarei leitora ass�dua :)

Obrigada pela visita.

Um beijo da Dai.

Unknown disse...

Assisti um filme chamado 'O olhar estrangeiro'. Sobre a imagem que o estrangeiro tem do Brasil. O estigma do sexo, samba e futebol. E todos, quase sem exceção nos tratam como um clichê, sem nenhum interesse em conhecer melhor o outro. Exceto quem ? Oscar Welles.
Resultou no cancelamento do filme, é óbvio. Ele tem uma cabeça que capta a beleza e o que está abaixo da linha d'água da narrativa. Cá entre nós, creio que ele continua rindo.
Bjs.

Daisy Carvalho disse...

Legal, Djabal.

Eu acho que somos um belo dum país. Estigmas não chegam a destruir nossa beleza.

Beijo.

Anônimo disse...

Ei! Vc é a primeira pessoa que diz obrigado, entre tantas e tantas e tantas.
Então aqui vai um assunto de máxima premência, para muita, mas muita ponderação ...
Se quiser postar ...
“Meio doido” ...
(Um comentário de um comentário; trafeguem pelos blogs para entender - refere-se a uma postagem sobre uma exposição em que um artista utiliza um cachorro)
Para desapontamento de uns, a Natureza não fez-me “meio”, fez-me inteiro mesmo ... para contentamento de muitas.
Se houver a grandeza necessária pra perceber; a oportunidade é essa.
Tanto lá naquela pequena região onde algum episódio estranho ocorreu e que conturbou de vez o Império Romano quanto num pequenino site, surge a chance de o ser humano olhar-se de uma maneira beeemmm extraordinária.
É o que vamos ver ...
E o time Abbadon, André, T. Rex (do Ceticismo Net), pode definir de vez sua competência colocando sua percepção à toda prova.
Pareceu-me, assim por alto, que houve na interpretação do comentário que fiz a impressão de que se estava criticando o povo judeu.
Antes vamos tomar um pouco de água com açúcar ...
09:05 da manhã, Ibirapuera (SP). O ar parece fremir levemente com os gestos calmos e suavizados dum grupo de Tai Chi Chuan; então uma figura esquisóide com um baita cachorro passa e, pára quase em frente ao grupo, o cão pisa e repisa um canteiro com um placa escrita: begônias recém-plantadas – cuidado. Depois ele vai e faz um monte bem bonito e enroscado e de um perfume agradabilíssimo. Alguém diz: “Puxa, assim fica difícil!”. A figura num ar de tremenda dona do mundo rebate na mais excelente educação: Não gostou? Come.
Todos ali eram eximiamente treinados para “sossegar leões”, mas ficaram impactados diante daquela magnífica aberração cívica. Ali se podia cantar o pau, mas preferiu-se deixar pra lá, afinal às vezes faz mal até encostar em coisas assim.
Precisamos nos aperceber que cães, passarinhos, são seres vivos, e há custo biológico em qualquer cativeiro ou simbiose, por mais lindinho(a) que for.
Entre 1998 e 2004 uma garotinha foi seqüestrada e uma lista imensa de pessoas varou a Internet repassando a mensagem desesperada da mãe implorando que fizéssemos alguma coisa, divulgássemos, repassássemos.
Eram umas dez horas da noite quando abri a caixa de e-mail, e tava lá a aflição da mulher, a foto da garotinha e informações do acontecimento.
Das dez às 02:00h da madrugada o Pensador se aplicou no que podia ser feito em imediatíssima urgência. E assim que definiu informações táticas que podiam ser executadas com uns seis telefonemas pela pessoa que enviou o e-mail, completando mais umas quatro horas de empenho civil de pessoas influentes (a menina era de família judia e com alguma influência na área jurídica) reenviou-se o e-mail indicando que poder-se-ía instaurar um tal engate de pressão que poderia culminar no encontro da menina. E o que se deu? Um e-mail resposta severo indicando que “damos um pouco de atenção às pessoas (amigas, frize-se), mas não podemos deixar os episódios interferirem em nosso dia-a-dia; em suma, em nossas vidas. Uma beleza de reprimenda. A mãe da menina por certo concordaria felicíssima. E o Pensador sentiu-se meio patético, meio doido.
Aqui (ou melhor, no que a postagem focou) temos o que podemos chamar de exposição-espelho. Ela refletiu o descaso.
E, agora é que são elas ...
E, nos comentários se refletiu a hipocrisia. (Não tem outro jeito, eu poderia amainar isso aqui, mas não posso, tem algo muito no nosso íntimo que quero atingir, é onde nos pegaram há muito tempo, e estão nos destroçando de vez agora).
E, num certo pedantismo refletiu-se o gostinho da vaidade de se mover um dos botões de comoção social.
Observem. Observemo-nos. Nos doemos todos quando nos foi mostrada a cena por alguém. Mas quem perguntou o por quê da cena (da e na exposição)? Ora, ela é chocante (vista depois). E nos causa mal-estar. E reagimos violentamente contra o expositor, e nos poupamos. Essa é a hipocrisia. Uma vez atiçada ela pode ser manipulada. Os “ministros” e pastores e padres sabem exatamente como manobrar isso; e a moça sentiu um pouquinho desse pseudo-poder; na ocorrência inflamada dos comentários.
Aqui é que é necessária a nossa grandeza de simplicidade. A que os fanáticos não chegam, nem se forem sacudidos. Sejam eles quem for.
Será que conseguimos ver? Aí está o ponto em que danaram e danam nossa Sociedade.
No episódio que não sabemos se foi um levante instruído por lições dos anciãos contra a escravidão do Império Romano ou por um homem que declarou essas lições visivelmente inferidas (conquanto o total desvirtuamento de suas diretrizes instrutivas -- largamente distribuídas mas -- tornando-as inibitórias, escravizadoras, com um altíssimo poder destrutivo da emanação de liberdade que norteia o ser humano) como reminiscências que passam pelos Egeus, por Ur, pela China, pelo Egito, etc.; e que infelizmente não chega a nós como Sabedoria de nossa ancestralidade, mas como ferramenta de manipulação psicológica.
Então, é aqui que pergunto ao time-suporte que citei lá em cima: Será que não é hora de pesquisar, com a competência que têm, as reminiscências de nossa Sabedoria, e mostrar um autêntico tratado de nossos dados antropológicos no que concerne à Sabedoria da nossa espécie? Para assim abrirmos de vez a inteireza da Ciência em prol de nosso bem-viver?
Estamos num momento tão crítico da história humana que não podemos nos dar ao luxo de evitar que aqui ou ali nos cobram de pauladas, e podemos pensar um pouco para não agirmos igualzinho aos playboys descritos por Gabriel Pensador, que na falta completa de reflexão se irritam com índios, ou agora se irritam com a liberdade de imprensa como detectou o T. Rex.
Vou precisar de umas férias.
Haddammann Veron Sinn-Klyss

Daisy Carvalho disse...

Caríssimo Haddammann :)
Como disse e digo, sinto falta de estar em companhia de pessoas oxigenadas. Na tentativa - às vezes - de explorar a consciência em forma de discursos anti-políticos, corremos o risco de parecer prolixos, mas é sempre válido dizermos o que pensamos e/ou sentimos. Sua revolta é cabível e sua atitude muito elegante de vir visitar-me deixou-me envaidecida. Sua ilustre presença fez-me inquieta no sentido de sentir-me em reboliço diante de tantas injustiças e merdas que o homem contemporâneo tem feito por aí a fora. Nos EUA estão em povorosa, escolhendo entre democratas e republicanos, mas sabemos que é tudo a mesma merda.
Quanto à violência, ela começa dentro de nós. A diferença é que alguns de nós sabemos dosá-la, já que viver sem ela é impossível. Algumas pessoas nascem sem saber o porquê de uma benção dessas de ser um ser humano. fazer o quê? Se eu não as criei também pouco me importa se elas morrem com requintes de tortura e crueldade. Também não sou a favor de certos direitos humanos. EU tenho o direito de viver em paz nesta porra de planeta. Como você também.
E o cachorrinho... Ele importa menos que sabermos que existe gente maltratando gente. Isso é chocante. O cachorrinho, coitado, é uma sinalização da barbárie a que estamos sujeitos.
Volte depois das férias he,he,...
Valeu.
Beijo :)